sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

EMINEM E O NOVO CEO DA DEF JAM, PAUL ROSENBERG, EM NOVA ENTREVISTA PARA A BILLBOARD. [PARTE 2]


Continuação da matéria da nova entrevista de Eminem e Paul Rosenberg para a Billboard, confiram a parte 1 aqui.


Quero falar sobre o álbum. Quando o conceito de Revival entrou em construção?
Rosenberg: Havia uma música que tinha sido enviada a Marshall que tinha um coro realmente incrível e assustador com uma melodia realmente pegajosa, e sempre nós pensávamos naquilo porque ficava preso em nossas cabeças. E alguns anos depois, quando estávamos escolhendo faixas para este álbum, ela voltou a aparecer e Marshall disse: "Sabe o que vou fazer? Vou tentar escrever algo para isso". E em algum lugar ao longo do caminho, descobri que a mulher que tocava no coro, que não conhecíamos, havia morrido durante esse período de tempo. O nome artístico dela era Alice and the Glass Lake [Alicia Lemke morreu em 2015 de leucemia mieloide aguda aos 28 anos]. Então, Marshall disse que talvez devêssemos fazer algo com isso e, com as músicas que ele tinha naquela época, achava que talvez fosse um tema que pudesse ser evoluído junto com o álbum. A música era chamada de "Our Revival" (Nosso Renascimento)."

Paul, como você esteve envolvido no processo do álbum?
Rosenberg: Eu normalmente não vou no estúdio até que haja uma razão para eu ir lá. Mas, ao longo do processo, quando Marshall chega a um lugar onde ele está confortável tendo feito algo, ele mostra para mim. Ele faz o mesmo com Rick Rubin, e o mesmo com o Dr. Dre e algumas pessoas da Interscope às vezes. Todos nós fazemos nossos comentários e dizemos o que gostamos e não gostamos.
Eminem: Paul sempre me diz o que eu não quero ouvir. Mas eu tenho que respeitá-lo, porque não é um trabalho fácil. Quando há coisas que eu posso ter ido muito longe, seja lá o que for, ele é o cara que está lá para me falar a verdade. Normalmente, quando juntamos nossas cabeças e concordamos em algo, é quando sentimos que algo está pronto para sair.

Eu quero falar sobre as letras, mas eu quero primeiro começar perguntando sobre política. Onde vocês estavam na noite das eleições?
Eminem: Assistindo a televisão com certa descrença. Eu estava na sala de casa, no telefone falando com meus amigos como, "Esse maldito vai ganhar."
Rosenberg: Eu vi os resultados saindo no início do outro dia e eu estava esperançoso. [Mas] pensei que Trump ia ganhar. Havia muita apatia dos eleitores, e não era bom. Isso me fez sentir como se as pessoas não enxergassem a verdade.
Eminem: Eu assisti apenas alguns comícios que ele estava fazendo quando começou a concorrer. Apenas observando o impacto que ele tinha sobre os fanáticos. Tenho algo para dizer sobre as pessoas que realmente sentiram que ele podia fazer algo pra eles - e ele simplesmente enganou todos. Eu sei que Hillary [Clinton] teve suas falhas, mas você sabe o que? Qualquer coisa teria sido melhor [do que Trump]. Um pedaço de merda teria sido melhor como presidente. Quando eu [lancei "The Storm"], senti que todos os que estavam com ele naquele momento não gostaram da minha música de qualquer forna. Eu consegui mostrar a sua falta de política, mas, além disso, somos totalmente opostos. Ele fez essas pessoas sentir como se ele realmente fosse fazer algo por elas. É tão, porra, assustador como ele discursa, a sua retórica, a merda de Charlottesville, eu apenas observava isso, "Eu não posso acreditar que ele está dizendo isso". Quando ele estava falando sobre John McCain, pensei que ele estava louco. Você está fodendo com veteranos militares, está falando sobre um herói de guerra militar que foi capturado e torturado. Simplesmente não importava. Não importa. E isso é uma merda assustadora para mim.

Você ficou surpreso com as reações sobre o "The Storm"?
Eminem: Sim e não. Eu sabia que teria muitas reações, obviamente. Isso é o que meu rap é capaz fazer. Mas de qualquer jeito que eu viesse naquele cypher, era uma resposta genuína do meu coração. Eu hesito em dizer que tenho ódio no meu coração por ele, mas é um desprezo verdadeiro. Eu não gosto desse cara.
Rosenberg: Quando ouvi, sabia que haveria opiniões contraditórias. Mas é isso que eu penso sobre: Obter reações das pessoas através da arte. Prefiro que algo estivesse mostrando o outro lado do que as pessoas que não se preocupam com isso.

Depois de lançar "The Storm", houve a perda de uma parte de sua base de fãs que eram apoiadores de Trump; Você abordou isso com o remix de "Chloraseptic" que você acabou de lançar. Teve alguma consideração sobre tirar Trump do álbum, sabendo que você pode perder fãs com isso?
Eminem: No final do dia, se eu perder metade da minha base de fãs, então seja assim, porque eu sinto como se eu defendesse o que acho certo e eu estou no lado certo nisso. Eu não vejo como alguém que é de classe média, que fode com seu traseiro todos os dias, te dando cheques de pagamento, possa pensar que esse maldito bilionário irá te ajudar.



Quando você soltou o álbum, como você se sentiu? Você foi no Twitter ver as reações?
Eminem: Quer dizer, eu não faço isso.

Nenhuma conta secreta no Twitter?
Eminem: Sim, certo. [Risos.]
Rosenberg: Tem que ter alguma ansiedade, certo?
Eminem: Você recebe todos os tipos de crítica. Eu acho que tem coisas que aprendemos com cada álbum, e acho que há coisas a serem tiradas deste álbum e as críticas dele. Tinha muitas músicas? Tinha muitas participações? Tinha algumas músicas como "Tragic Endings" e "Need Me", onde eu sentia que liricamente daria ao ouvinte um segundo para respirar. Eu gasto muito tempo escrevendo merda que eu acho que ninguém nunca conseguiu (escrever e entender). Não sei se as pessoas vão ao Genius e tentam procurar os significados.

Paul, você está assumindo a Def Jam. O que isso significa para Shady Records?
Rosenberg: A Shady Records é a marca de como é o Marshall. O material que assinamos e lançamos lá deve estar dentro de seu mundo. Nunca foi para ser mais uma marca de músicas, e é por isso que sempre a mantemos pequena. Enquanto Marshall quiser assinar e desenvolver talentos e lança-los, então a Shady vai existir.

Marshall, como você encontra novos artistas? Você usa serviços de streaming?
Rosenberg: Hoje em dia, ele tem um Ipad.
Eminem: Eu sempre confiro como está o clima.
Rosenberg: As vezes ele me mostra coisas que eu ainda nem ouvi falar ainda. Eu ainda não tinha ouvido sobre a música "Man's Not Hot" [do Big Shaq] até ele me falar sobre ela -
Eminem: É maravilhosa. Eu sempre estou de olho no que as pessoas estão fazendo. Eu me considero mais antenado do que muitas pessoas acham que eu sou.

Com o streaming, parece que a margem para se tornar um rapper bem sucedido foi diminuída. Você concorda?
Eminem: Depende. Eu acho que rappers como J. Cole e Kendrick [Lamar] e Joyner Lucas são os melhores. Isso é tudo que eu posso dizer. Algumas pessoas podem não se importar em ser o melhor e apenas tentam fazer boas músicas, e algumas pessoas fazem músicas. [Risos.] O hip-hop sempre está evoluindo, e isso para mim é a coisa mais importante sobre ficar antenado com o que está acontecendo.
Rosenberg: Eu acho que não é tanto que a qualidade diminuiu, apenas o fato de que esses serviços podem publicar sua música para o mundo ver e ouvir imediatamente, isso só diminuiu a barreira de entrada. Então você é capaz de publicar coisas que, talvez antes, você não teria tido a habilidade de ver a crítica das pessoas porque provavelmente não era bom o suficiente.
Eminem: O mercado está tão saturado agora que reduziu a vida útil das músicas; Está aqui em um dia, e no outro se foi. Você acorda e as pessoas estão tipo, "Tudo bem, o que você vai lançar agora?" O que você acha, eu fiz meu álbum ontem à noite?

Quais são seus objetivos este ano?
Rosenberg: Eu tenho que descobrir como equilibrar meu trabalho como gerente, meu serviço com Marshall na Shady e agora a  enorme responsabilidade na Def Jam. Se eu descobrir esse equilíbrio, acho que tudo ficará bem, porque estou confiante de que posso fazer o trabalho. Eu só tenho que encontrar a combinação certa de tempo, energia e foco para poder fazer tudo e ainda ser humano e ter uma família.
Eminem: Eu não sei qual é a resposta para mim nesse momento. Ainda estou em modo escritor.


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

EMINEM E O NOVO CEO DA DEF JAM, PAUL ROSENBERG, EM NOVA ENTREVISTA PARA A BILLBOARD. [PARTE 1]


Escondido no segundo andar de um estúdio de fotografia, Eminem se inclina sobre o corrimão e se dirige ao seu gerente de longa data, Paul Rosenberg, que está abaixo em uma sessão de fotos procurando seu melhor ângulo. "Ei, Paul! Você pode assinar (liberar) um CD para mim quando terminar?", Ele olha para o rosto obscurecido sob uma boné de beisebol. "Você liberou um nas ruas agora mesmo!"

A sala toda em risos, e Em' desaparece de volta ao sótão. É janeiro em Detroit - lugar que ninguém vê como o paraíso - Mas para o MC de 45 de idade, Marshall Mathers, a cidade é sua casa e esconderijo: Tanto o lugar que nasceu o mito como o escudo que brilha como publicidade para um dos rappers mais famosos do planeta. Foi em Detroit onde Marshall, como todo mundo o conhece aqui, conheceu Paul Rosenberg em 1996, quando ele ainda era apenas um aspirante a rapper à beira de desistir e Rosenberg era um estudante de direito com um olho no negócio da música. Eles começaram a trabalhar juntos no ano seguinte, e agora, mais de duas décadas depois, eles estão de volta a Detroit com títulos inteiramente diferente anexados aos seus nomes: Eminem, top 5 entre os rappers vivos e mortos, vencedor do Grammy 15 vezes e quase certamente o maior rapper vendedor de todos os tempos (47,7 milhões de álbuns vendos nos EUA, de acordo com a Nielsen Music); Rosenberg, gerente de elite da música, titular da gravadora, e desde 1º de janeiro, recém-nomeado presidente/CEO da Def Jam Recordings.

Três semanas antes, Eminem lançou seu primeiro álbum após quatro anos, o Revival, uma mistura de auto-reflexão, felicidade e destreza lírica que o tornou o único artista da história a estrear 8 álbuns no #1 na Billboard 200. Terminou seu hiato mais longo entre os lançamentos, uma vez o vício em comprimidos para dormir o forçou a ter um histo de cinco anos no auge de sua carreira, um período que incluiu uma overdose por metadona em 2007 (Relatado na musica "Arose"), que quase o matou. Desde o seu retorno com o Relapse em 2009 e o Recovery em 2010, Eminem escolheu em grande parte evitar os holofotes, contentando-se em ser para o hip-hop um J.D. Salinger, escrevendo músicas para a playlist do Spotify de Holden Caulfield.

Esse tempo de inatividade deu a Rosenberg, de 46 anos, a chance de avaliar sua própria carreira. Um urso de um homem de 1,98 de altura, mas uma disposição calma, ele é um contador de histórias natural e sem pretensão, sem mencionar um estudioso do hip-hop clássico, conversando com seriedade sobre Duck Down Records e as melhores musicas do Slick Rick (Para Rosenberg, é "La Di Da Di" ou "Mona Lisa", para Eminem são "Lick the Balls" ou "Children's Story"). O parceiro de Eminem na Shady Records, um empreendedor coadjuvante com a Interscope, Rosenberg começou a pensar a quatro ou cinco anos sobre começar um selo separado para trabalhar com artistas que não se encaixavam na marca Shady. Ele se aproximou da Universal Music Group com a idéia, mas o presidente/CEO Lucian Grainge eventualmente respondeu com uma ideia diferente: entregar a Rosenberg as rédeas de Def Jam. (Steve Bartels, CEO da Def Jam desde a sua separação com a Island em abril de 2014, desistiu em dezembro de 2017.)

"Para mim, esta é uma oportunidade de fazer algo excelente na música que eu cresci amando, que tenho sido apaixonado desde os 10 anos de idade e, de muitas maneiras, é um sonho tornando realidade", diz Rosenberg. Esse sonho, diz ele, dependerá do retorno do selo ao que ele vê como seus quatro pilares fundadores: "originalidade, autenticidade, artistas de ponta e rapper como marca de rock". "Def Jam é o maior rótulo do hip-hop que já existiu - não acho que haja muitos argumentos contra isso", diz ele. "Eu não quero que ninguém pense que eu quero fazer uma etiqueta de hip-hop da old-school, porque não é isso. Quero seguir esse plano no futuro com o tipo de artista que existe agora."

Antes que Rosenberg pudesse se concentrar em seu novo negócio, no entanto, ele estava de volta a Detroit para o lançamento do novo álbum de Eminem. O Revival saiu no dia 15 de dezembro com críticas familiares ao MC sobre sua misoginia e sexismo (ou, para alguns, politicamente incorreto) que permanecem em suas letras e respostas igualmente polarizadas aos ataques das pessoas - iniciados em outubro com o seu explosivo freestyle no BET Hip-Hop Awards, "The Storm" - em que Donald Trump, cuja base se sobrepõe a Eminem. Em resposta, uma série de fãs começou a criticar o MC, que ele abordou em um novo verso no remix do lançado após o Revival, "Chloraseptic": "Então eu tomei uma posição, fui até o cara laranja (Trump) / E praticamente cortei a porra da minha fã base pela metade, mas mesmo assim vendi mais que você."

"Eu sei que digo muita merda as vezes", admite Eminem em um momento sério, sentado em um sofá de couro com Rosenberg após a sessão de fotos. "Mas muita merda é dita em brincadeira, é como fui criado, e sempre passou por toda minha carreira - dizendo merda para tirar um sarro das pessoas. É minha licença artística para me expressar. Até onde eu sei, Trump não é um artista e não possui uma licença artística. Eu não sou como ele, um presidente fodido."

Preocupado de como ele pode estar com Trump, Eminem está ansioso para dar a Rosenberg espaço para resposta. Sentando-se para esta entrevista, ele interrompe seu gerente durante sua fala para mandar um recado usando uma linha do rapper KRS-One: "Ei, avise-me quando você querer fazer uma entrevista. Eu sei que é o seu show, mas eu só quero ver suas costas antes de começarmos..."



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Entrevista:

Como você descreveria sua dinâmica?
Paul Rosenberg: Comecei oficialmente a trabalhar com ele em 97, então este é o vigésimo ano. São 20 anos de negócios entre nós e sendo amigos.
Eminem: vinte anos no inferno. [Risos.]
Rosenberg: Há momentos em que é extremamente grave e intenso, e há outros momentos em que é muito alegre e, ouso dizer, é juvenil.
Eminem: você ousa dizer.

Como vocês se conheceram?
Rosenberg: Quando eu estava na faculdade de Direito em Detroit, eu costumava ir a um lugar chamado Hip-Hop Shop, que fica na 7 Mile Road. Era uma loja de roupas que se transformou em um lugar aberto de batalha de freestyle aos sábados. Um dia [o melhor amigo de Eminem, o rapper de Detroit, falecido] Proof chegou em mim e disse: "Ei, eu quero que você fique depois do open mic (tempo que os MC's tinham para mostrar suas habilidades livremente no microfone) hoje para que você possa ver esse homem." Proof queria que eu o visse porque ele sabia que meu objetivo na faculdade de direito era tornar-se um advogado musical, e ele me olhava como alguém que poderia ajudar os artistas da comunidade local a fazer sucesso depois de me formar e começar uma carreira. Então eu fiquei e ele separou todo mundo, e vem esse cara - 
Eminem: Eu tinha parado de rimar por provavelmente seis, sete meses. Simplesmente achava que não estava realmente indo a lugar algum. Vivíamos no sótão da casa da mãe de Kim, que nos convertemos em um quarto. Agora, eu não tinha ouvido uma palavra de Proof em três meses neste momento. Eu sabia que ele ainda estava fazendo o que gostava; Eu não sabia exatamente, qual era ao nível em que eu estava. Mas Proof me chamou e ele estava como: "Ei, escreva alguma coisa, venha aqui amanhã e diga isso, e se você não gosta, nunca mais terá que fazer isso". Tinha umas 10 ou 15 pessoas. Não lembro de te encontrar naquele dia.
Rosenberg: Lembro que você apareceu com Kim [Mathers, agora Scott, ex-esposa de Eminem]. Você estava usando uma camisa branca.
Eminem: Sim, eu sempre usava. [Risos.] Eu rimei e consegui uma boa reação das pessoas, e a partir desse ponto eu apenas comecei a escrever novamente.
Rosenberg: Então, alguns meses depois, você lançou [o álbum independente] Infinite, que eu comprei para você, por, seis dólares em cassete. E foi assim que nos conhecemos.

O que levou vocês a trabalharem juntos?
Rosenberg: Eu pensei que ele era realmente talentoso, mas naquele momento ele não tinha ideia de quem ele era ainda como artista. Ele estava tentando soar como outras pessoas, como Nas -
Eminem: eu não estava tentando soar como outras pessoas - eu simplesmente fazia isso. [Risos.] Eu era um cruzamento entre AZ, Nas, Souls of Mischief, Redman, todos do topo do hip-hop naquela época.
Rosenberg: Me mudei para Nova York e comecei a estudar para os exames e fiquei em contato com todos da cena musical em Detroit. Em um ponto, [um amigo] me bateu e disse: "Você tem que ver as coisas novas que Eminem está fazendo." Então eu peguei seu número, liguei para ele e [pedi que ele] enviasse para mim. Peguei o cassete, ouvi isso e fiquei realmente impressionado. Percebi que tinha encontrado a voz dele; ele deixou de ser tão copiador e auto-consciente sobre o que ele estava dizendo e como ele estava dizendo isso e soou como alguém, por falta de uma descrição melhor, que não se importava. E realmente apareceu na música. Então eu liguei para ele e perguntei se eu poderia representá-lo. Foi assim que começou; Eu era seu advogado musical.
Eminem: E então eu fazia viagens de ida e volta com meus amigos para Nova York.
Rosenberg: Sim, e foi assim que a amizade começou a crescer. Nenhum de nós tinha algum dinheiro, então ele literalmente dormia no meu sofá e nós acabamos de descobrir. E quando você diz que nós tinhamos as letras, literalmente tinhamos as letras, porque novamente, você não poderia enviar material eletronicamente. Eu tive que literalmente ir a clubes com uma série de discos e entregá-los a DJs e entrar na frente de Stretch Armstrong e Tony Touch e Clark Kent como: "Ei, sou Paul, quero que você escute o Eminem". E até hoje, tenho relacionamentos com esses caras, e eu os conheci enquanto entregava as musicas. Eu não quero soar como um velho relembrando e sendo nostálgico, mas esse tempo de cara, essa conexão humana, é difícil de substituir. E eu acho que há valor nisso, e sentimos isso hoje.

Que histórias de antigamente pode nos contar agora?
Eminem: Lembro-me de gravar com The Outsidaz, apenas escrevendo rimas. Eles estavam no vídeo dos Fugees em "Cowboys" e coisas assim, então eles estavam começando a ter um grande destaque. E eles me deixaram abrir com eles um show de Wu-Tang [Clan]
Rosenberg: estava em Staten Island no Park Hill Day nos Projectos Park Hill. O Outsidaz se apresentou, e então, quando Wu-Tang entrou teve uma grande briga, o Method Man pulou dos alto-falantes para a multidão. Eu acho que alguém atirou com uma arma no ar e uma multidão começou; Marshall olhou para mim, eu olhei para ele, e um de nós gritou: "Corra!" [Ambos riem.] Houve outro tempo em que morava em Jersey City [NJ] e eu tinha um monte de companheiros de quarto, mas nós tínhamos uma área de descanço no apartamento onde eu tinha um sofá e uma TV a cabo, e é aí que Marshall dormia.
Eminem: você tinha baratas do tamanho de ratos, porra. Dormi naquele quarto onde o colchão estava no chão e acordei pela manhã e ouvi a barata antes de eu ver ela! Nunca vi uma barata grande daquele jeito na minha vida. Era como um ser humano. E quando pisei nisso, gritei pra caralho. [Risos.] Era como, "Ahh! Você me matou! Pareeeee!"
Rosenberg: Isso estava no meu apartamento em Queens - baratas em Nova York eram muito mais difíceis. [Risos.] Mas estou falando depois disso. Isso foi um pouco mais agradável; Eu ainda tinha quatro companheiros de quarto, mas não havia baratas, e estava em Jersey City. [O Slim Shady LP] estava prestes a sair, e acabamos de terminar de filmar o video "My Name Is" - ainda quebrados, ainda dormindo no sofá. Nós tínhamos a MTV, e eles tocaram o vídeo. Essa foi a primeira vez que o vimos na TV. Nós pensamos que era isso: "Oh, meu Deus, vamos cair fora daqui".
Eminem: Eu não sei se eu pensava isso, mas com certeza pensei: "Isso realmente está acontecendo?" Era tão surreal que eu estava apenas em uma névoa o tempo todo. Eu acho que nós caminhamos até aquele píer ou alguma merda apenas explodindo, era como, "Eu não posso nem acreditar ..." Isso quase aconteceu por mim tantas vezes por esse ponto que era quase como, "Isso é muito bom para ser de verdade."

Houve um momento em que você percebeu que realmente tinha conseguido? Isso era mesmo um sentimento?
Eminem: Quero dizer, merda... Quando fomos ao escritório da Interscope e [Dr.] Dre entrou, isso foi louco. Quando eu estava batendo na casa de Dre, o estúdio que ele tinha em sua casa, o primeiro dia que fizemos três ou quatro músicas em algumas horas. Você sabia que era uma daquelas coisas em que eu tentei não ter minhas esperanças apenas para que eu fosse desiludido novamente, ou criasse isso ou algo assim. Então eu não sei. Eu não sei o que esse momento teria sido -
Rosenberg: é difícil identificar. Eu acho que é uma série de eventos onde você vê esses destaques: assine o acordo, vá para L.A. para trabalhar com Dre e Snoop no estúdio, lance musicas, vídeo na MTV, capa de Rolling Stone, indo em turnê, TRL -
Eminem: Lembro-me, acabei de assinar um acordo e nós íamos toda hora para L.A., e minha mãe tinha esse trailer [em Detroit]. As pessoas sabiam que eu estava nesse trailer, porque eu jogava basquete no parque [próximo]. Mas quando juntaram dois e dois, elas batiam na minha porta constantemente. Foi logo após o lançamento do vídeo. E estava ficando louco. [Risos.] Como, "Ah, porra. Eu acho que isso está acontecendo."

Como evoluiu a amizade de vocês?
Eminem: Eu apenas o odeio mais. [Rosenberg ri.] Passamos por muitas merdas, altos e baixos - lançamentos de álbuns, minha overdose...
Rosenberg: Brigas de vida e morte. Normalmente ele fica bravo porque separo suas letras depois do que aconteceu, e ele fica como, "Oh, ótimo, o que faço agora"
Eminem: No The Marshall Mathers LP, em uma música chamada "Who Knew", eu disse: "Então, quem está trazendo as armas neste país?/ Eu não consegui esconder uma arma de plástico em uma mala de dinheiro em Londres ". O que eu queria dizer era, quem está trazendo as armas ilegais no país. Isso é como cinco anos depois, ele cita a linha - "Então, quem está trazendo as armas neste país?" - e então, fico como: "Eles as fazem aqui!" [Risos.] Eu fico como, sério? Você não me disse isso naquele momento? Obrigado! Ele disseca e separa minha merda o tempo todo. Assim como o resto do mundo.
Rosenberg: Eu gosto de mexer com você nessas coisas. Eu posso ser bastante crítico. Qual é a sua coisa favorita para se divertir comigo? "Oh, olhe para mim, Sr. Big Shot Manager"?
Eminem: Bem, agora você está se divertindo. Ei, não se esqueça das pessoas pequenas no seu caminho até o topo.
Rosenberg: Você sempre será o cara pequeno para mim.




Em breve estaremos trazendo o restante da entrevista traduzida.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

EMINEM - UNTOUCHABLE [DOWNLOAD]



Ouçam e baixem o 2º single do novo CD Revival, que tem data prevista de lançamento para o dia 15 de dezembro

EMINEM LANÇA SEGUNDO SINGLE INTITULADO "UNTOUCHABLE"


Após Eminem ter revelado a capa de seu novo álbum “Revival,” o rapper de Detroit lançou o seu segundo single hoje, intitulado “Untouchable.” É um contraste claro do primeiro single do álbum “Walk On Water” com participação da Beyoncé, a qual ele cantou ao vivo no EMA e no Saturday Night Live. E se os rumores forem confiáveis, “Untouchable” é uma representação mais verdadeira do que está por vir quando o “Revival” chegar às lojas na semana que vem (15 de dezembro).

Em “Untouchable” o Eminem rima, por mais de seis minutos, de uma forma feroz enquanto ele aborda assuntos envolvendo o racismo institucional, a brutalidade policial, Colin Kaepernick, a velha prática de negar um empréstimo ou seguro a alguém só para manter a minoria em certos bairros e uma miríade de tópicos semelhantes.

“Menino negro, menino negro, nós não vamos mentir para você / Menino negro, menino negro, não gostamos de vê-lo”, rima Eminem na abertura da música, na perspectiva de um homem branco racista.

“Ao longo da história, os afro-americanos foram tratados como merda, e admito que algumas vezes foi vergonhoso ser uma garoto branco,” rima Eminem na faixa.

O título da música é em si um comentário sobre o racismo, já que a figura “intocável (untouchable)“ da música são os homens brancos, que continuam sendo intocáveis pela polícia e livres dos grilhões metafóricos colocados nos pulsos dos negros norte-americanos. Como um homem branco, Eminem se sente “intocável,” enquanto o seus amigos negros lutam para evitar problemas com a lei.

A música foi lançada no mesmo dia em que o ex-policial da South Carolina, Michael Slager, foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Walter Scott em 2015, enquanto ele estava fugindo desarmado em plena luz do dia.

Ele também faz uma referência direta à morte do Freddie Gray, o homem de 25 anos que morreu na custódia da polícia em 2015.

Untouchable,” que foi produzida pelo Mr. Porter, Emile Haynie, Mark Batson e Eminem, já está disponível no Amazon, iTunes, Spotify e Apple Music.





Créditos: eminem.com.br